Rios voadores são as massas úmidas de ar que vêm do oceano e são responsáveis por boa parte das chuvas que ocorrem na América do Sul. A Floresta Amazônica, nesse caso, funciona como uma bomba, atraindo para o continente a umidade evaporada do oceano Atlântico. Essa umidade cai em forma de chuva na floresta que, por sua vez, devolve umidade para o ar através do processo de evapotranspiração de sua vegetação.
A massa de ar úmida decorrente desse processo migra em direção a oeste, onde esbarra com o relevo da Cordilheira dos Andes. Lá, uma parte dessa umidade precipita em forma de chuva, abastecendo as cabeceiras dos corpos d’água que formam o Rio Amazonas. O restante da massa úmida segue se deslocando na direção sul, passando para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, além de levar água “voadora” para outros países da América do Sul.
Rios voadores e a Floresta Amazônica
Junto com a Cordilheira dos Andes, a Floresta Amazônica tem papel fundamental no regime climático e hidrometeorológico de todo o subcontinente. É um processo contínuo em que o ar segue sendo “recarregado” por umidade. A água evaporada na floresta tem a mesma ordem de grandeza que a vazão do próprio Rio Amazonas, em torno de 200 mil m³/s, podendo superá-la. O Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas demonstra que uma árvore grande, com copa em torno de 20m de diâmetro, pode bombear em torno de 1.000 litros de água para a atmosfera em um dia.
A chuva que precipita na região central do país, mais especificamente no Cerrado, abastece bacias importantíssimas como: Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco, Paraná e Paraguai. Esse regime hidrológico leva água para regiões que, naturalmente, tenderiam a se tornar desérticas. Os rios voadores são o motivo pelo qual a região centro-sul da América do Sul é verde e úmida, uma região que representa 70% do PIB do subcontinente. Certamente, se não houvesse disponibilidade hídrica nesses locais, esses números seriam menores.
A importância dos rios voadores
O regime garante água para a manutenção dos ecossistemas, plantações e vazões nos rios. Essa água também abastece nossos reservatórios, e essa reserva é utilizada para agricultura irrigada, abastecimento humano e animal, viabilização de transporte fluvial para escoamento de grãos e até mesmo turismo. Além disso, possibilitam também a geração de energia limpa nas nossas usinas hidrelétricas.
Os rios voadores podem ser deslocados, dependendo da anomalia de temperatura no oceano Pacífico (El Niño ou La Niña). Desmatamento e mudança do uso do solo levam, contudo, à redução da quantidade de água transportada. Em resumo, a bomba de umidade da Floresta Amazônica é direta ou indiretamente responsável por diversas atividades econômicas no país. Sua preservação e conservação deveriam ser prioridade não só ambiental e climática, mas também social e econômica.