Aspecto Meteorológico

Durante o mês de agosto foram desconfigurados os bloqueios atmosféricos presentes em julho, liberando a passagem de frentes frias e levando a chuvas fracas sobre algumas bacias do Sul e Sudeste. A segunda quinzena contou com sistemas de alta pressão, menos chuvas e maiores velocidades de vento, levando a recordes de geração eólica. Para a primeira semana operativa, espera-se pouca precipitação na região Sul e chuvas mais significativas na segunda semana para o Sul e parte do Sudeste.

Durante o trimestre setembro/outubro/novembro ocorre, historicamente, a transição do período seco e frio para o úmido e quente. O fenômeno La Niña segue caracterizado, contudo com baixa intensidade e 80% de probabilidade de continuidade. Os modelos indicam uma maior probabilidade de chuvas entre a média e abaixo da média para o subsistema Sul, enquanto a região central do país conta com baixa previsibilidade e divergência entre os modelos, o que é natural nessa época de período de transição. As características atmosféricas apresentam-se normais, contudo, devido a essa imprevisibilidade, ainda não é possível fazer afirmações sobre o início do período úmido.

Condições Hidrometeorológicas

A média do SIN para o mês de agosto foi a 45ª melhor do histórico, correspondendo a 95% da MLT. As ENAs do Sudeste/Centro-Oeste e Sul aumentaram em relação ao PMO anterior, passando de 66% (2º pior) para com 83% (18º pior) e de 72% (42º pior) para 132 (21º melhor), respectivamente. As ENAs do Norte e Nordeste mantiveram-se em torno do mesmo patamar, passando de 87% (26º pior) para 83% (19º pior) e de 69% (16º) para 68% (15º pior).

Uma vez que vivenciamos ainda o período seco, as previsões meteorológicas indicam pouca expectativa de chuvas e, consequentemente, uma perspectiva de recessão ou manutenção da recessão nas principais bacias do SIN de todos os subsistemas. As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 69% para o Sudeste, 82% para o Sul, 66% para o Nordeste e 77% para o Norte, conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram, respectivamente, 56,6%, 86,1%, 73,9% e 85,9% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 63,27%. Para final de setembro, a expectativa é que o armazenamento total do SIN atinja em torno de 55%.

Política Operativa

Como destaques das medidas operativas, a geração no subsistema SE/CO segue com o objetivo de preservação dos armazenamentos, especialmente com o controle de defluências na parte baixa do rio Paraná e das cotas em Itaipu. A geração no subsistema Norte continua com o foco na exploração das disponibilidades e fechamento de ponta, enquanto a geração no Sul se dará em função das condições de atendimento à carga, priorizando o atendimento de ponta do sistema. Por fim, no subsistema Nordeste, as disponibilidades energéticas continuarão a ser exploradas, respeitando as restrições hidráulicas e limites elétricos vigentes, e maximizando a exportação para o SE/CO. Durante o mês de setembro, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN.

Restrições Operativas de Destaque

A usina de Três Marias possui restrições de defluência mínima de 450 m³/s até o final de outubro. A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s, enquanto Xingó mantém as restrições de vazão mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s até final de outubro. Serra da Mesa, no rio Tocantins, também conta com restrição de vazão mínima (até final de outubro) de 300 m³/s. Porto Primavera e Jupiá, no rio Paraná, possuem respectivamente restrição de vazão mínima de 3.900 m³/s (até final de outubro) e 3.700 m³/s (até final de setembro). Desde o PMO de Junho, está sendo utilizada a Curva de Deplecionamento da UHE Tucuruí referente ao ano de 2022, pois a UHE corresponde a restrições estruturais para a modelagem do SIN. Além disso, Tucuruí apresenta também restrições elétricas de geração mínima, assim como Itaipu. Durante o ano de 2022, está sendo utilizado o Hidrograma B da UHE Belo Monte.

Foi atualizada a nova modelagem da UHE Fontes, apresentada no PMO passado, que será incorporada nos modelos a partir da RV1 de Setembro. Neste PMO de agosto, também foi apresentada a melhoria de representação do tempo de viagem de Baixo Iguaçu no modelo Dessem, adotado a partir do PMO de setembro pela CCEE. Além disso, a entrada em operação das usinas hidrelétricas em expansão Curuá-Una e São Roque (setembro e agosto, respectivamente) compõem configurações parciais para setembro e outubro na modelagem do Decomp.

O ONS anunciou a modificação da Média de Longo Termo do subsistema Sul, devido a entrada completa em operação da UHE São Roque. A adição de uma usina faz com que ENA (energia natural afluente) do subsistema se eleve, visto que há mais capacidade de gerar energia com as vazões daquele sistema. Por fim, foram apresentados os parâmetros de calibração do Modelo SMAP/ONS, em substituição ao modelo Previvaz, para as previsões da primeira e segunda semana operativa das bacias do Paraíba do Sul, Piraí, Lajes e Baixo Iguaçu. Com essa atualização, o SIN passa a contar com 99,7% de cobertura do modelo chuva-vazão, elevando a previsibilidade das vazões nessas bacias.

Despacho Térmico

Desde o final de 2021, a geração térmica total no SIN vem caindo, passando de 21,5 GWmed em outubro de 2021 para 2,6 GWmed em julho de 2022. O mês de agosto apresentou um aumento, totalizando 5 GW de geração térmica. A geração fora da ordem de mérito se mantém zero desde o mês de maio.

Em agosto, não foi importada energia da Argentina e Uruguai desde março e desde maio o Brasil vem exportando geração térmica para outros países.  Para o mês de setembro, destaca-se uma disponibilidade média térmica prevista de cerca de 18 GW, de uma capacidade instalada de 24 GW. Não houve despacho das usinas térmicas a GNL para as próximas semanas operativas de setembro. Contudo, até o dia 25 de novembro, a UTE Santa Cruz Nova precisará gerar fora do controle do ONS (inflexibilidade) por conta do comissionamento a quente do ciclo combinando.

Projeções de Carga

Para setembro de 2022, são previstas as seguintes taxas de variação em relação ao mesmo mês do ano anterior: -1,6% (decrescimento) para o subsistema SE/CO, -0,3% (decrescimento) para o Sul, -5,8% (decrescimento) para o Nordeste e 6,6% (crescimento) para o Norte. Para os meses de setembro e outubro, a carga do SIN projetada ficou em 69.844 e 73.333 MWmed, com taxas de -1,2% (decrescimento) e de 6,6% (crescimento) em relação aos mesmos meses de 2021.