Na primeira semana de agosto, a precipitação se restringiu à região Norte do país, atingindo apenas o trecho baixo da bacia do rio Xingu. Nas duas semanas seguintes, uma frente fria, aliada a uma instabilidade na região Sul, ocasionou precipitação fraca nas bacias dos rios Jacuí, Uruguai, Iguaçu e em pontos do Paranapanema e da incremental de Itaipu. Na última semana do mês, outra frente fria pela região Sul provocou chuva fraca a moderada na bacia do rio Jacuí e fraca nas demais bacias do Sul, resultando em chuva abaixo da média histórica. As demais bacias do SIN permaneceram com condições de estiagem, normal para esta época do ano.
Os campos de temperatura de superfície do mar (TSM) do Oceano Pacífico continuam com a tendência de resfriamento, mas ainda sem ultrapassar o limiar que caracteriza o fenômeno La Niña. Os meteorologistas dos centros internacionais mantêm a maior probabilidade para o estabelecimento de La Niña com fraca intensidade durante a primavera, embora os modelos climáticos indiquem uma condição no limiar entre a neutralidade e a La Niña. Para o Brasil, um trimestre Set-Out-Nov sob efeitos da La Niña é caracterizado por chuva abaixo da média nas bacias do Jacuí, Uruguai e Paraná e precipitação acima do normal nas bacias do Amazonas, Xingu, Tocantins e São Francisco.
Previsões para o trimestre
Os modelos climatológicos indicam que o trimestre Set-Out-Nov deve manter a chuva abaixo da média na região Sul, nas bacias do Jacuí e Uruguai, e chuva acima da média no centro-norte do Brasil, cobrindo áreas das bacias do Tocantins e do São Francisco. Os modelos climatológicos veem o início da época chuvosa do centro-norte do país de forma mais promissora do que em 2020, indicando um início em torno do normal climatológico. Porém, a chuva primeiro deve umidificar o solo, para em seguida começar a elevar os níveis dos reservatórios. Para isso, é necessário que chova de forma persistente e abrangente, ao invés de chuva concentrada em poucos dias. No caso da bacia do Paraná, que fica no limiar entre as duas áreas mencionadas anteriormente, a previsibilidade é baixa e não há consenso entre os modelos para o período.
Em relação à temperatura, a maioria dos modelos indica temperaturas acima da média para o trimestre Set-Out-Nov nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, especialmente nos meses de setembro e outubro, mantendo a tendência de calor que já foi registrada no mês de agosto.
Condições Hidrometeorológicas
A média do SIN para o mês de agosto foi a pior do histórico, com uma média de 53% da MLT. No Sudeste, segue sendo a pior ENA do histórico pelo segundo mês consecutivo.
Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram respectivamente 22,1%, 29,5%, 49,6% e 71,8% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 30,1%.
Política Operativa
Como destaques das medidas operativas, temos a diminuição da exploração de disponibilidade energética no Norte, com aumento de geração eólica e exportação no Nordeste, todos respeitando os limites elétricos vigentes. A geração no SE/CO será minimizada devido às condicionantes hidráulicas e à política de recuperação dos armazenamentos. No Sul, a geração é dimensionada com o objetivo de fechamento do balanço energético do SIN.
Dadas as condições hidrológicas desfavoráveis, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de setembro. O CMSE reconheceu, em função de viabilizar a operação do ONS, CEMIG e CHESF, a necessidade de flexibilização temporária da Regra de Operação do Rio São Francisco, com o objetivo de minimizar a degradação acelerada do armazenamento dos reservatórios, especialmente das regiões Sudeste e Sul.
Além disso, o CMSE também aprovou, em caráter imediato e com vigência até o final de novembro de 2021, regras que estabeleçam limites mínimos de armazenamentos de modo que seja possível a exploração até o limite físico desses reservatórios, com o objetivo de garantir a segurança no suprimento eletroenergético do país.
Restrições Operativas
A partir do PMO de setembro, as defluências mínimas de Porto Primavera e Jupiá passam para 3900 m³/s e 4000 m³/s.
Na bacia do São Francisco, a UHE Xingó terá alteração na defluência máxima para 1500 m³/s até 30/09 e 2500 m³/s até 31/10. No caso da UHE de Três Marias, as defluências máximas e mínimas ficarão travadas em 400 m³/s até 31/10, voltando a uma defluência de 150 m³/s a partir de novembro, sem limite de defluência máxima.
As usinas W. Arjona, Araucária, Termo CE, Norte Fluminense 1 a 4 e Termo PE sofreram alterações em seus respectivos CVUs.
Despacho Térmico
O mês de agosto contou com um despacho médio de 16GW de térmicas, todas essas despachadas por mérito ou por inflexibilidade. Além disso, contou com importação de energia da Argentina e Uruguai. Em relação à geração termelétrica, as três usinas a GNL receberam indicação de despacho antecipado por ordem de mérito de custo para a semana de 30/10 a 05/11. Assim, há previsão de despacho para Porto Sergipe I nessa semana.
Projeções para agosto e setembro
Para os meses de setembro e outubro, a carga do SIN projetada ficou em 69.920 e 71.880 MWmed, um crescimento de 0,9% em relação aos mesmos meses de 2020. Em relação ao PLAN 2021-2025, não houve alterações.
Em relação a setembro de 2020, as taxas de crescimento por subsistema são: -0,4% para SE/CO, 1,8% para o Sul, 3,9% para o Nordeste e 2,6% para o Norte.
Já em relação a outubro de 2020, as taxas de crescimento por subsistema são: 0,4% para SE/CO, 1,6% para o Sul, 2,0% para o Nordeste e 1,7% para o Norte.
Desde julho de 2021, estão sendo utilizados para o PMO os resultados do modelo SMAP/ONS para as duas primeiras semanas operativas para os aproveitamentos da bacia do Teles Pires e Xingú, em substituição ao Previvaz. A partir de setembro de 2021, os resultados SMAP/ONS também substituirão os resultados do Previvaz para as duas primeiras semanas operativas das bacias dos rios Araguari, Jari, Curuá-Una, Jequitinhonha, Parnaíba e Uatumã. A partir de outubro de 2021, o modelo SMAP/ONS também substituirá o Previvaz para a previsão das duas primeiras semanas operativas dos aproveitamentos da bacia do Paraguai.
As ENAs de agosto apresentaram redução. Espera-se uma manutenção do cenário de recessão em todas os subsistemas, visto que as previsões meteorológicas indicam poucas chuvas para as próximas semanas. No subsistema Sul, há expectativa de aumento das vazões entre as semanas 2 e 3 de agosto, com retorno à recessão na semana 4.
Destaca-se que os subsistemas Sudeste (57%), Sul (59%), Nordeste (46%) e Norte (73%) apresentam MLT abaixo da média histórica, conforme apresentado na Tabela 1.
A seguir temos as ENAs dos subsistemas para a próxima semana operativa e para o mês de setembro: