Aspecto Meteorológico
As primeiras semanas de fevereiro foram caracterizadas por frentes frias nas regiões Sul e Sudeste, o que modificou o padrão de chuvas do final de janeiro. Somadas a mais um episódio de ZCAS (Zonas de Convergência do Atlântico Sul), houve mais chuvas nas bacias do Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país. De um modo geral, fevereiro terminou com chuvas acima da média nas bacias do Paranaíba e São Francisco e abaixo da média para o resto do SIN. A temperatura máxima se mostrou acima da média para Porto Alegre, São Paulo, Curitiba e capitais nordestinas, abaixo da média para Belo Horizonte e Vitória. Temperaturas mínimas variaram entre a média e acima da média. Observou-se redução dos ventos, especialmente durante os períodos de ZCAS.
Em relação ao clima, espera-se que março, abril e maio marquem o final do período úmido, com início de uma transição para o período seco, especialmente nas bacias do SE/CO. A Zona de Convergência Intertropical se aproxima da região Nordeste, trazendo precipitação e reduzindo os ventos. O La Niña segue bem caracterizado, com o resfriamento das águas do oceano Pacífico. O fenômeno deve enfraquecer pelos próximos meses e deve permanecer até o outono (probabilidade de 60%).
Para o próximo trimestre, espera-se que as chuvas ocorram entre a média e abaixo da média para as bacias do Sul e entre a média e acima da média para o extremo Norte do país. A temperatura deve variar entre a média e acima da média por todo território.
Condições Hidrometeorológicas
A média do SIN para o mês de fevereiro foi a 26ª melhor do histórico, correspondendo a 111% da MLT. Com exceção do Sul, que se manteve muito abaixo da média (32% da MLT, 4º pior do histórico), as outras regiões tiveram afluências muito acima da média: 39ª melhor ENA para o Sudeste (105% da MLT), 13ª melhor para o Nordeste (156% da MLT) e 12ª melhor para o Norte (133% da MLT).
As previsões mostram que as bacias do Tietê, Paranaíba, Paraná, São Francisco e Tocantins se encontram em recessão ou em manutenção da recessão hidrológica, ou seja, com tendência de redução ou manutenção de menores vazões. Já as bacias do Sul (Iguaçu, Uruguai e Jacuí) devem responder a eventos de chuva com um aumento de vazão na primeira semana operativa de março, com posterior recessão.
As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 124% para o Nordeste e 114% para o Norte (acima da média histórica) e 79% para o Sudeste e 37% para o Sul (abaixo da média histórica), conforme apresentado na Tabela 1:
Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)
Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram respectivamente 57,1%, 28,9%, 97,7% e 81,9% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 63,7%.
Política Operativa
Como destaques das medidas operativas, temos a política de preservação do armazenamento dos subsistemas SE/CO e Sul com exploração das disponibilidades energéticas no Norte e manutenção da disponibilidade energética no Nordeste, respeitando as limitações elétricas e restrições hidráulicas. A geração no subsistema SE/CO ocorrerá de acordo com as condicionantes hidráulicas, maximizando a exportação para o Sul, enquanto se explora os intercâmbios Norte-Sudeste e Norte-Nordeste. Dadas as condições hidrológicas desfavoráveis, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de março. Por conta da situação do subsistema Sul, será necessário aumentar a geração em 60Hz de Itaipu, a última usina na cascata do rio Paraná. Isso impacta as defluências mínimas de Porto Primavera e Jupiá durante o mês de março de 2022, que são as usinas a montante, ou seja, anterior à Itaipu. Suas vazões mínimas deverão ser elevadas para que Itaipu possa gerar mais.
Em reunião extraordinária no dia 24/02/22, o CMSE estabeleceu um limite de 8.000 MW médios em horizonte mensal para despacho adicional de geração, limitados a um CVU de até R$ 375,66/MWh, para atendimento ao SIN. Caso haja alguma reconhecida necessidade sistêmica devidamente justificada, esse limite poderá ser ultrapassado.
Restrições Operativas de destaque
Por conta do aumento da geração em 60Hz de Itaipu, as defluências mínimas de Porto Primavera e Jupiá durante o mês de março de 2022 serão elevadas: 3.900 m³/s para Porto Primavera e, para Jupiá, dependerão das vazões incrementais e atendimento à cota mínima de Porto Primavera. Para abril, esses valores poderão retornar para as restrições iniciais de 2.900 m³/s e 2.300 m³/s, respectivamente, valendo até outubro, conforme a decisão da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (05/11/2021).
A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s e as restrições das usinas de Xingó (defluência mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s) e Três Marias (defluência mínima de 150 m³/s) são válidas até final de março. Serra da Mesa, no Rio Tocantins, também possui restrições com a mesma validade (100 m³/s para defluências máxima e mínima). Como parte dos esforços para recuperação de Ilha Solteira e Três Irmãos, de importante relevância para navegação hidroviária, os níveis desses reservatórios serão elevados gradativamente. Assim, o nível mínimo até o dia 30/03/2022 é de 322,30 m, a ser elevado gradativamente até o final de maio. Durante o ano de 2022, o hidrograma B da UHE Belo Monte deve ser utilizado.
Despacho Térmico
Para o mês de março, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 19 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW. Para atender critérios de segurança energética ao longo do Carnaval, foi recomendado o despacho das UTEs Santa Cruz e Luiz O. R. Melo entre os dias 26 de fevereiro e 02 de março, ambas a GNL (garantia energética e razão elétrica).
Projeções de carga
Estudos recentes mostram uma desaceleração da demanda industrial, enquanto as previsões meteorológicas apontam leve redução das temperaturas médias nas capitais do subsistema Sul, enquanto no subsistema SE/CO, espera-se manutenção das temperaturas elevadas. Norte e Nordeste seguem com temperaturas típicas para essa época do ano. Assim, para março de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: -0,9% para o subsistema SE/CO (decréscimo), 1,8% para o Sul, 3,8% para o Nordeste e 1,8% para o Norte. Para os meses de março e abril, a carga do SIN projetada ficou em 73.123 e 72.012 MWmed, um crescimento de 0,5% e 4,5% em relação aos mesmos meses de 2021.