Aspecto Meteorológico

Durante o mês de abril, frentes frias avançaram pela região Sul, ocasionando em chuvas acima da média na região, principalmente sobre bacias importantes como Uruguai, Iguaçu, Paranapanema e incremental Itaipu. Por conta dessas frentes, as temperaturas máximas ficaram entre a média e abaixo da média na região. As regiões Sudeste e Centro-Oeste tiveram temperaturas entre a média e acima da média. Durante as três primeiras semanas de abril, a geração eólica não foi favorecida, por conta da atuação da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), que formam corredores de baixa pressão, reduzindo os ventos.

Para as próximas semanas operativas, espera-se pancadas de chuva na região Norte, que ainda se encontra em seu período chuvoso, atingindo as bacias do Tocantins, Xingu e Araguari. As bacias do SE/CO receberão poucas chuvas, enquanto no Sul haverá mais precipitação.

O trimestre maio/junho/julho é mais seco em quase todo país, contudo com chuvas na região Sul, por conta do avanço de frentes frias. A geração eólica tende a aumentar nessa época do ano. O La Niña segue caracterizado, com o resfriamento das águas do oceano Pacífico, e deve continuar pelos próximos meses. Nesse trimestre, as temperaturas devem variar entre a média e abaixo da média no Sul e entre a média e acima da média no extremo Norte do país.

Condições Hidrometeorológicas

A média do SIN para o mês de abril foi a 23ª pior do histórico, correspondendo a 86% da MLT. Nordeste apresentou queda significativa, passando de 122% da MLT em abril para 65% em abril (24º pior do histórico). A região Norte segue com ENA em torno da média (105%), enquanto Sudeste/Centro-Oeste apresentou a 12ª pior ENA (75%) e Sul apresentou a 16ª melhor (145%).

As previsões mostram que as bacias do Grande, Paranaíba e Tietê devem manter suas recessões hidrológicas. As bacias do Paranapanema e incremental Itaipu devem receber pouca chuva, podendo haver um leve aumento nas vazões e posterior retorno à recessão. Essa conjuntura leva a uma recessão acentuada para bacia do rio Paraná. Bacias do Sul (Iguaçu, Uruguai e Jacuí) receberão volumes significativos de chuva, causando picos elevados de vazões, que rapidamente retornarão para o estágio de recessão. Não há expectativa de precipitações sobre a bacia do São Francisco. Bacias do Tocantins, Madeira e Xingu receberão poucas chuvas e se encontram em recessão também.

As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 69% para o Sudeste, 147% para o Sul (acima da média), 49% para o Nordeste (metade da média) e 98% para o Norte (na média histórica), conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)


Política Operativa

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram, respectivamente, 66,5%, 65,8%, 96,5% e 99,2% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 73,5%.

Como destaques das medidas operativas, a geração no subsistema Sudeste/Centro-Oeste se dá de acordo com as condicionantes hidráulicas, com o objetivo de preservar os armazenamentos. No Sul segue-se a mesma lógica, com controle dos intercâmbios Sudeste/Centro-Oeste-Sul para que não haja vertimento (reservatórios pequenos que respondem muito rapidamente às precipitações). Nos subsistemas Norte e Nordeste, exploram-se as disponibilidades energéticas, respeitando as restrições hidráulicas e limites elétricos.

Por conta do cenário de significativa melhora nas condições hidrelétricas do país, o CMSE decidiu, no início de abril, suspender a autorização para acionamento de usinas termelétricas fora da ordem de mérito. Mesmo assim, devido às condições hidrológicas desfavoráveis vivenciadas recentemente, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de maio.

O ONS apresentou também o Módulo de Propagação de Vazões (MPV) que, a partir do PMO de junho de 2022, substituirá a aplicação do CPINS como modelo de propagação das vazões previstas e observadas na UHE Sobradinho, na bacia do São Francisco. Outro ponto relevante é o enchimento da UHE São Roque, já representada nos modelos. Contudo, durante o enchimento, essa usina não será modelada no DESSEM. Mesmo assim, seu armazenamento afeta as usinas adiante na cascata, o que será levado em conta nas modelagens.

Restrições Operativas de Destaque

O Projeto de Integração do Rio São Francisco exige uma vazão firme disponível para bombeamento na UHE Itaparica de 26,4 m³/s a partir de janeiro de 2023. Em junho, essa restrição será de 5,42 m³/s e entre julho e dezembro de 2022 de 3,98 m³/s.

A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s e as restrições das usinas de Xingó (defluência mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s) e Três Marias (defluência mínima de 780 m³/s) são válidas até final de junho. Serra da Mesa, no Rio Tocantins, possui restrições com validade até final de maio para defluência mínima de 100 m³/s, passando para 300 m³/s durante o mês de junho. Como restrição temporária para operação dos reservatórios do rio Paranaíba, a UHE Emborcação conta com restrição de defluência máxima de 140 m³/s até 30 de abril. Durante o ano de 2022, o hidrograma B da UHE Belo Monte, que já está sendo utilizado, está mantido.

Despacho Térmico

Desde o final de 2021, a geração térmica total no SIN vem caindo, saltando de 21,5 GWmed em outubro de 2021 para 5,2 GWmed em abril de 2022. A geração fora da ordem de mérito também caiu consideravelmente, sendo quase 9 GWmed em outubro e chegando a 0,5 GWmed em abril.  Não tem sido importada energia da Argentina e Uruguai desde março. A redução da geração por garantia energética se dá pela melhora dos armazenamentos.  Para o mês de maio, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 17 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW.

Projeções de carga

Para maio de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: 2% para o subsistema SE/CO, 1,5% para o Sul, 3,6% para o Nordeste e -2,5% para o Norte (decréscimo). Para os meses de maio e junho, a carga do SIN projetada ficou em 68.815 e 67.764 MWmed, um crescimento de 1,8% e 1,5% em relação aos mesmos meses de 2021.