Aspecto Meteorológico

O mês de janeiro foi caracterizado pela passagem de frentes frias pelas regiões Sul e Sudeste, como também pela ocorrência de mais de um evento de ZCAS (Zonas de Convergência do Atlântico Sul). Como consequência, ocorreram episódios de chuvas e redução de ventos. De um modo geral, foram observados dois padrões: durante a primeira quinzena, similar aos meses anteriores, houve precipitação acima da média nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, mais especificamente nas bacias do São Francisco, Tocantins, Xingu, Tapajós e Madeira. Na segunda quinzena, ocorreram pancadas isoladas no CO e SE, totalizando precipitações abaixo da média. Na região Sul, sobre as bacias do Jacuí e Uruguai, houve um leve aumento de precipitação. A geração eólica também foi mais favorecida na segunda metade de janeiro. Contudo, mesmo assim, a média de geração eólica de janeiro foi menor que dezembro.

As precipitações no SIN se mostraram abaixo da média, com exceção das bacias do Norte e do São Francisco. As frentes frias causaram variações nas temperaturas, que oscilaram entre a média e acima da média. Algumas capitais como São Paulo, Campo Grande e Porto Alegre apresentaram temperaturas máximas elevadíssimas. Para as duas próximas semanas operativas do mês de fevereiro, espera-se precipitação na média ou abaixo da média para a região Sul, enquanto nas regiões Norte, SE e CO as precipitações variam entre a média e acima da média. Espera-se que as temperaturas sejam acima da média para o Sul e em torno da média no resto do país.

Em relação à climatologia, o trimestre fevereiro, março e abril apresentam uma redução gradual de chuvas na faixa das bacias do SE/CO e uma diminuição gradativa da geração eólica no Nordeste. Na região Sul, espera-se que as chuvas se mantenham constantes. Espera-se também um enfraquecimento do fenômeno La Niña, com 50% de chance de neutralidade prevista para o trimestre abril-maio-junho.

O ONS informou também que o modelo ECMWF voltará a fazer parte do processo de previsão de precipitação por conjunto a partir do PMO de março de 2022.

Condições Hidrometeorológicas

Em relação ao mês de fevereiro, as previsões de ENAs mensais mostram valores bem acima da média histórica para o Nordeste (167%), enquanto os subsistemas Norte (124%) e Sudeste (96%) apresentam ENAs próximas à MLT. Já a ENA do Sul (40%) está com resultado consideravelmente abaixo da média, conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)

A média do SIN para o mês de janeiro foi a 15º melhor do histórico, correspondendo a 122% da MLT.  Com exceção do Sul, que se manteve muito abaixo da média (38% da MLT), as outras regiões tiveram afluências muito acima da média: 37ª melhor ENA para o Sudeste (104% da MLT), 5ª melhor para o Nordeste (148% da MLT) e 2ª melhor para o Norte (214% da MLT). Há expectativas de recessão hidrológica para importantes bacias, como as do rio Grande, Paranaíba e Paraná. A bacia do Paranapanema sofre influências do regime hidrológico do Sul (Iguaçu e Uruguai), com perspectivas de permanecer abaixo da média. Em compensação, tanto a bacia de São Francisco quanto a do Tocantins tiveram vazões extraordinárias no começo do ano, com tendência de redução para as próximas semanas.

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram respectivamente 54,0%, 32,3%, 79,3% e 95,8% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 59,1%.

Política Operativa

Como destaques das medidas operativas, temos a política de preservação do armazenamento do subsistema SE/CO através da minimização da geração da bacia do rio Paraná e exploração do intercâmbio Norte-Sudeste e Norte-Nordeste. Dadas as condições hidrológicas desfavoráveis, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de janeiro. Em reunião ordinária no dia 12/01/22, o CMSE estabeleceu um limite de 15.000 MWmédios para despacho adicional de geração termelétrica e de importação sem substituição, limitados a um CVU de até R$ 1.000/MWh, para atendimento ao SIN, em horizonte até a próxima reunião ordinária (02/02/22). Caso haja alguma reconhecida necessidade sistêmica devidamente justificada, esse limite poderá ser de R$ 1.500/MWh.

Restrições Operativas de destaque

Importante destacar que a bacia do Rio São Francisco entrou em regime de cheias e, para isso, irá operar segundo as regras do Plano Anual de Prevenção de Cheias (Ciclo 2021-2022), respeitando o volume de espera. A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s e as restrições das usinas de Xingó (defluência mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s) e Três Marias (defluência mínima de 150 m³/s) são válidas até final de março. Serra da Mesa, no Rio Tocantins, também possui restrições com a mesma validade (100 m³/s para defluências máxima e mínima).  Como parte dos esforços para recuperação de Ilha Solteira e Três Irmãos, de importante relevância para navegação hidroviária, os níveis desses reservatórios serão elevados gradativamente.  As restrições de vazão mínima de Porto Primavera e Jupiá de 3.900 m³/s e 3.300 m³/s (respectivamente) são válidas até final de fevereiro, e então serão reduzidas para 2.900 m³/s e 2.300 m³/s, com vigência entre março e outubro de 2022. 

Despacho Térmico

Para o mês de fevereiro, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 19 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW. Em relação às usinas a GNL despachadas antecipadamente, somente Santa Cruz Nova e Luiz O. R. Melo estão comandadas Garantia Energética/ Razão Elétrica, a partir da semana operativa de 26 de fevereiro a 04 de março.

Projeções de carga

Como premissas de curto prazo na previsão da carga, em termos de cenário econômico do Brasil, as projeções de carga levam em conta às incertezas associadas aos aumentos de casos de Covid-19, o que compromete a retomada produtiva e aumento da demanda. Para capitais das regiões SE/CO e Sul, espera-se uma redução nas temperaturas, que têm se apresentado elevadas nessa época do ano. Capitais das regiões Norte e NE apresentam previsões e temperaturas elevadas com chuva para a semana em análise. Assim, para fevereiro de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: 2,0% para o subsistema SE/CO, 7,3% para o Sul, 0,2% para o Nordeste e 3,4% para o Norte. Para os meses de fevereiro e março, a carga do SIN projetada ficou em 75.027 e 74.388 MWmed, um crescimento de 2,8% e 2,3% em relação aos mesmos meses de 2021.