Aspecto Meteorológico

Durante o mês de março, sistemas frontais se mantiveram sobre a região Sul do país, causando precipitações sobre as bacias do Uruguai, Jacuí, Iguaçu e incremental Itaipu. A região Norte também recebeu chuvas acima da média, devido à Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). As chuvas na parte centro-leste do país ocorreram de forma abaixo da média, sobre as bacias dos rios Tocantins, São Francisco, Grande e Paraíba do Sul. Capitais brasileiras tiveram temperatura mínima entre a média e acima da média. Já as temperaturas máximas se deram em torno da média e para Porto Alegre, Curitiba, Belém e capitais do Nordeste e Sudeste, se deram acima da média. Gerações eólica e solar no Nordeste foram desfavorecidas pela conjuntura meteorológica, mas a geração solar no Sudeste foi favorecida pela redução das chuvas.

O trimestre abril/maio/junho caracteriza um período de transição entre o úmido e o seco no centro-sul do país e a expectativa é de redução das precipitações sobre as principais bacias brasileiras. A ZCIT deve atuar na região Nordeste, podendo ocasionar precipitação e redução dos ventos em algumas semanas. O La Niña segue bem caracterizado, com o resfriamento das águas do oceano Pacífico, sem indicativo de término. A previsão para junho/julho/agosto é de igual probabilidade (45%) de retorno à neutralidade ou de continuidade do fenômeno.

Para o próximo trimestre, espera-se que as chuvas ocorram entre a média e abaixo da média para as bacias do Sul e entre média e acima da média para o extremo Norte do país. A temperatura deve ocorrer em torno da média por todo território. Na próxima semana operativa, deve ocorrer bastante chuva sobre as bacias dos rios Sul e Madeira e, na segunda semana operativa, uma pequena redução nessas precipitações.

Condições Hidrometeorológicas

A média do SIN para o mês de março foi a 37ª pior do histórico, correspondendo a 91% da MLT. As regiões Nordeste e Norte apresentaram ENAs acima de 120%, enquanto Sudeste/Centro-Oeste apresentou a 14ª pior ENA (76%) e Sul apresentou a 37ª pior (68%).

As previsões mostram que as bacias dos rios Grande, Paranaíba e Tietê devem manter suas recessões hidrológicas. A bacia do Paranapanema deve receber mais chuvas, o que eleva um pouco as vazões, mas logo retornam para o estágio de recessão. Essa conjuntura leva a uma recessão acentuada para bacia do rio Paraná. Bacias do Sul (Iguaçu, Uruguai e Jacuí) receberam volumes significativos de chuva, contudo suas vazões não devem se elevar consideravelmente e logo retornam para o estágio de recessão também. Há pouca expectativa de precipitações sobre a bacia do São Francisco. Bacia do Tocantins, Madeira e Xingu receberão chuvas, com aumento vazões em Pimental e redução em Tucuruí.

As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 43% para o Nordeste, 113% para o Norte (acima da média histórica), 75% para o Sudeste e 97% para o Sul (abaixo da média histórica), conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)

Política Operativa

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram, respectivamente, 62,5%, 37,8%, 93,3% e 98,0% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 68,1%.

Como destaques das medidas operativas, a geração no subsistema SE/CO se dá de acordo com as condicionantes hidráulicas, exportação para o subsistema Sul e preservação de reservatórios. Nos subsistemas Norte e NE, exploram-se as disponibilidades energéticas, respeitando as restrições hidráulicas e limites elétricos. No Sul, a política é de preservação dos armazenamentos. Contudo, como os reservatórios são de pequeno porte, é possível que haja turbinamento a fim de evitar o vertimento em momentos de mais chuvas, visto que os reservatórios respondem rápido às precipitações. Os intercâmbios entre os subsistemas SE/CO-Sul, N-NE e NE-SE/CO estão sendo explorados.

O ONS espera atingir a cota 325,40 em Ilha Solteira até o final de março. A cota de 324,40 já permite a retomada das operações da hidrovia Tietê-Paraná através de pulsos de vazões na usina anterior a Três Irmãos (UHE Nova Avanhandava). Mesmo assim, dadas as condições hidrológicas desfavoráveis, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de abril.

Restrições Operativas de Destaque

A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s e as restrições das usinas de Xingó (defluência mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s) e Três Marias (defluência mínima de 600 m³/s até 31/03 e de 425 m³/s de 01/04 até 31/05) são válidas até final de maio. Serra da Mesa, no Rio Tocantins, também possui restrições com a mesma validade (100 m³/s para defluências máxima e mínima).  Como parte dos esforços para recuperação de Ilha Solteira e Três Irmãos, de importante relevância para navegação hidroviária, os níveis desses reservatórios estão sendo elevados gradativamente. Assim, o nível mínimo até o dia 31/03/2022 é de 323,30 m, a ser elevado gradativamente para 324,40m até o final de maio. Durante o ano de 2022, o hidrograma B da UHE Belo Monte, que já está sendo utilizado, está mantido.

Despacho Térmico

Desde o final de 2021, a geração térmica total no SIN vem caindo, saltando de 21,5 GWmed em outubro de 2021 para 6,6 GWmed em março de 2022. A importação de energia da Argentina e Uruguai chegou a zero esse mês e a geração fora da ordem de mérito (garantia energética) também vem caindo desde então.  Isso ocorre devido à melhora dos armazenamentos. Para o mês de abril, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 18 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW.

Projeções de carga

O nível de incerteza no início de 2022 apresentou uma queda em relação ao maior controle pandêmico no Brasil, mesmo que o cenário econômico brasileiro se mantenha desafiador. Os indicadores de confiança se destacaram pela melhora nas expectativas do Comércio, mesmo com sucessivas quedas nos meses anteriores. No setor industrial, os índices de confiança indicam otimismo para o futuro.

Assim, para abril de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: 5,0% para o subsistema SE/CO, 4,2% para o Sul, 3,0% para o Nordeste e -4,6% para o Norte (decréscimo). Para os meses de abril e maio, a carga do SIN projetada ficou em 71.435 e 68.645 MWmed, um crescimento de 3,7% e 4,5% em relação aos mesmos meses de 2021.