O La Niña é uma das fases extremas do padrão climático El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que envolve o resfriamento da temperatura das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental abaixo da média histórica. As mudanças na temperatura do Oceano Pacífico Equatorial que ocorrem neste fenômeno podem causar variações na precipitação e temperatura do Brasil e do mundo. O La Niña é configurado quando a temperatura diminui diminui, pelo menos, -0,5°C por 3 meses ou mais.
La Niña em 2021
Atualmente, estamos vivenciando o La Niña, com chances superiores a 90% do fenômeno permanecer ao longo verão, conforme os resultados dos modelos climáticos.
No trimestre agosto/setembro/outubro, as temperaturas da superfície do mar no Oceano Pacífico Tropical Central esfriaram ainda mais, atingindo -0,7°C, apoiadas por águas mais frias que a média logo abaixo da superfície e ultrapassando a faixa de neutralidade (entre -0,5°C e 0,5°C em relação à média).
La Niña e Chuvas
Dessa forma, os eventos do La Niña aumentam as chances de chuvas acima da média e elevam a temperatura média no Norte do Brasil. Por outro lado, o fenômeno resulta em chuvas abaixo da média ao Sul do país.
Quando analisamos o último evento de La Niña, com atuação na primavera de 2020 até o verão de 2021, identificamos que a recessão das chuvas durou até o final do verão. No entanto, este foi um evento considerado moderado (entre -1,0°C e -1,4°C em relação à média). As previsões atuais indicam que o La Niña será fraco. Historicamente, isso representa recessões não tão severas.
Vivenciamos, atualmente, uma recuperação gradual do Sistema Interligado Nacional devido às chuvas ocorridas no mês de outubro. As vazões nos rios estão aumentando, assim como os reservatórios, mesmo que em passos lentos.
As expectativas para o verão são de maiores volumes de chuvas posicionadas no centro-norte do país e, para curto prazo, chuva prevista em praticamente todas as regiões do Brasil. Os modelos indicam que estamos tendo uma boa transição para o período úmido – que compreende os meses de dezembro a abril (5 meses), garantindo uma geração elétrica mais barata para o consumidor. No entanto, ainda seremos impactados pelos encargos gerados pela crise hídrica – como a ativação das térmicas, que serão pagos ao longo de 2022.
Crise hídrica
Mesmo com as perspectivas um pouco melhores, o Operador Nacional do Sistema Elétrico continua avaliando a condição do Sistema Interligado Nacional e ainda aponta a necessidade de geração elétrica com a utilização das térmicas, visando a garantia energética. Com isso, espera-se poupar o máximo de água que pudermos agora, para que o próximo período seco possa ser enfrentado com um armazenamento melhor do que o registrado em 2021, evitando a escassez hídrica.