Com ampla diversidade energética e grande capacidade para energias renováveis, o Brasil possui grande potencial para projetos de energia adequados aos critérios ESG. A sigla – que significa environmental, social and governance – orienta projetos a estabelecerem compromissos ambientais, sociais e de governança e se tornou uma preocupação cada vez maior de governos, agência reguladores e investidores no mundo todo. Mas como as práticas de ESG vem afetando o mercado de energia?

+ Saiba mais: O que é ESG?

Então, no setor de energia, o ESG está alinhado a diversos desafios que o setor já previa em sua transformação para o futuro. Um deles, conhecido como dual challenge, trata a necessidade de aumento da geração de energia versus a descarbonização da matriz para redução das emissões.

Sob o mesmo ponto de vista, o tema descarbonização também está presente no tripé conhecido como 3Ds. Essa transformação mundial compreende a descarbonização com o aumento do uso de fontes renováveis e de hidrogênio; a descentralização, com a implementação cada vez maior de geração distribuída (RED) e soluções de armazenamento de energia; e, por fim, a digitalização, representada pelo smart grid, medidores inteligentes e pelas novas plataformas que conectam geradores e consumidores.

Segundo Rafael Patrocínio, associado da Mercurio Partners, “os avanços na forma de gerar, distribuir e consumir energia mostram que é impossível não repensar os conceitos e inovar na forma de desenvolver novos projetos no segmento”. Assim, conseguimos entender ainda mais sobre como as práticas de ESG vem afetando o mercado de energia.

Além disso, como grande propulsora destas transformações, a tecnologia está fortemente presente no setor alterando antigas formas de se conduzir processos ou fabricar produtos. Ela permite que, hoje, tenhamos veículos elétricos, soluções de armazenamento de energia, uso de hidrogênio como fonte, além da evolução das fontes renováveis e das soluções de eficiência energética.

No panorama geral, o setor de energia busca contribuir para a mitigação do aquecimento global com redução das emissões de carbono. Além disso, melhora da qualidade do ar (reduzir emissão de enxofre e particulados) e promove o acesso universal à eletricidade. Um exemplo desse compromisso foi dado pelo presidente dos Estados Unidos recém eleito, Joe Biden, que planeja livrar toda a produção de eletricidade dos Estados Unidos de CO² até 2035 e fazer com que o país atinja emissões líquidas zero do gás até a metade do século.

ESG em números

No último levantamento do Global Sustainable Investment Alliance, realizado em 2019, US$ 31 trilhões em recursos globais foram alocados com base em algum critério ESG. Adicionalmente, até o 3º tri de 2020, foram emitidos US$ 948 bilhões em Green Bonds no âmbito global segundo a Climate Bonds Initiative. Do mesmo modo, Agências de Rating estão incorporando fatores ESG na análise de crédito, impactando diretamente o custo de dívida das empresas. Nesse sentido, ESG está se tornando um fator chave para captação de recursos, tanto do ponto de vista de equity quanto de dívida.

Por fim, a pressão pela descarbonização do portfólio das empresas também está aumentando, 61 iniciativas de precificação de carbono já foram implementadas ou estão no processo de serem implementadas globalmente, segundo o Banco Mundial. Neste cenário, fontes de energia renováveis, eficiência energética, novas tecnologias de armazenamento de energia, captura de carbono e hidrogênio como fonte energética vão ganhar destaque no portfólio das empresas.   

Frente às transformações do setor de energia, empresas bem posicionadas em diretrizes ESG podem capturar oportunidades, mitigar ameaças e gerar valor adicional para todos os stakeholders, inclusive os seus acionistas.