Aspecto Meteorológico

O mês de dezembro foi caraterizado pela manutenção do padrão de precipitação sobre as bacias da região Norte, Nordeste e parte do Sudeste e Centro-Oeste. A ocorrência de três ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) nesse período favoreceu a precipitação acima da média nas bacias do Norte e na bacia do São Francisco. Em contrapartida, as outras bacias de relevância para o SIN terminam o mês com precipitação abaixo da média, em consequência das rápidas passagens das frentes frias nas regiões dessas bacias. As gerações eólica e solar observadas no mês de dezembro ficaram abaixo da expectativa, especialmente nas semanas de ocorrência das ZCAS.

Em relação à temperatura, as principais capitais do Brasil apresentaram valores de temperatura mínima entre a média e acima da média. Em relação à temperatura máxima, as capitais apresentaram valores na média, exceto por Porto Alegre e São Paulo, que apresentaram temperaturas máximas acima da média.

Para as duas próximas semanas operativas do mês de janeiro, espera-se precipitação acima da média nas bacias do Xingu, Tapajós, Tocantins, médio e alto São Francisco, Parnaíba, Grande, Paraíba do Sul. Doce e Jequitinhonha.

Para o trimestre janeiro-fevereiro-março, que já é caracterizado como o mais chuvoso das bacias brasileiras, a Zona de Convergência Intertropical se aproxima da faixa norte do Nordeste, frustrando expectativas de geração eólica na região durante a atuação desse fenômeno climático. Paralelo a isso, o período também é caracterizado por altas temperaturas, especialmente nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Em relação a fenômeno La Niña, a atmosfera demonstrou forte acoplamento no mês de dezembro, possibilitando enfraquecer nos próximos meses, embora persistente durante o verão, com uma probabilidade acima de 70%. A transição para a neutralidade ocorre a partir de março, marcando uma probabilidade de 50% de La Niña e 50% de neutralidade.

Em relação ao mês de janeiro, as previsões de ENA apresentam um leve aumento para o SE e Sul e uma leve queda para NE e Norte, que seguem acima da média histórica. Destaca-se que os subsistemas SE (96%), Sul (40%), Nordeste (123%) e Norte (183%) apresentam MLT abaixo da média histórica, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)

Condições Hidrometeorológicas

A média do SIN para o mês de dezembro foi a 34º pior do histórico, correspondendo a  91% da MLT. No Sudeste, foi a 22ª pior ENA do histórico, com 83% da MLT. Em contrapartida, foi a 2ª melhor ENA do histórico para a região Norte. Destaca-se que, embora mantida uma ENA próxima da média de longo termo, o período de maio de 2021 a dezembro de 2021 teve a 3ª pior ENA registrada do histórico, com uma média de 72% para esse período.

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram respectivamente 25,0%, 43,0%, 51,6% e 52,6% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 32,23%.

Política Operativa

Como destaques das medidas operativas, temos a política de preservação do armazenamento do subsistema SE/CO, através da minimização da geração da bacia do rio Paraná e exploração do intercâmbio Norte-Sudeste e Norte-Nordeste. Dadas as condições hidrológicas desfavoráveis, o CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de janeiro.

Restrições Operativas de destaque

Destaca-se que, a partir desse PMO, será utilizada uma nova versão do modelo computacional DECOMP, compreendendo as restrições de Volume Mínimo Operativo para os reservatórios equivalentes do Sudeste, Paraná, Paranapanema, Sul, Iguaçu, Nordeste e Norte, aprovadas pelo CPAMP no ano de 2021. Além disso, foram atualizados os valores do Custo de Déficit (em R$/MWh) e a adição do ano de 2020 no histórico consolidado de vazões utilizado pelo DECOMP.

Em relação à modelagem das restrições do rio São Francisco, para a UHE Xingó definiu-se uma defluência mínima e máxima de 800 m³/s em janeiro de 2022, e 1.100 m³/s de defluência mínima e 8.000 m³/s de defluência máxima em fevereiro de 2022. No caso da UHE Três Marias, a defluência mínima e máxima ficou em 150 m³/s até o final de janeiro de 2022.

Em decorrência do plano da ANA de recuperação do nível mínimo das UHEs Ilha Solteira e Três Irmãos, nível mínimo de ambas sofrerá uma gradativa elevação até maio de 2022.

Despacho Térmico

Para o mês de novembro, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 18,7 GW, de uma capacidade instalada de cerca de 23 GW. Em relação às usinas a GNL despachadas antecipadamente, as três estão comandadas a serem despachadas por Garantia Energética a partir da semana operativa de 29 de janeiro até o dia 04 de fevereiro.

Em 12 de novembro, o ONS apresentou, em reunião do CMSE, proposta para iniciar uma gradativa redução do despacho fora da ordem de mérito, cujo objetivo é reduzir os encargos do sistema elétrico. Essa decisão foi considerada viável em função do início do período úmido e da melhora, em curto prazo, das vazões das bacias de destaque, especialmente as bacias do Paraná, Tocantins e São Francisco, além da expectativa da demanda ser mantida em níveis mais baixos que o normal para esse período do ano. Cabe ressaltar que essa diretriz será analisada semanalmente nas reuniões do CMSE.

Projeções de carga

Como premissas de curto prazo na previsão da carga, em termos de cenário econômico o Brasil segue em recuperação, embora em ritmo inferior ao observado no 1º semestre de 2021. Embora a pressão exercida pela inflação e incertezas da situação fiscal, que abalam o índice de confiança do país, o mercado de trabalho segue em recuperação gradual. Dessa forma, a projeção de PIB para 2022 foi revisada de 2,3% para 1,3%.

A médio prazo, espera-se um ambiente de maior estabilidade econômica, com boa performance nos setores exportadores e de infraestrutura, gerando reflexos na economia. Ainda assim há riscos, como a evolução da pandemia em decorrência do surgimento de novas variantes, além das questões fiscais e inflacionárias do cenário atual do país.

Para os meses de janeiro e fevereiro, a carga do SIN projetada ficou em 73.652 e 74.951 MWmed, um crescimento de 1,8% e 2,7% em relação aos mesmos meses de 2021.

Curva Referencial de Armazenamento e Critérios de Despacho Térmico em 2022

Nesse PMO, foi apresentada a Curva Referencial de Armazenamento (CREF), como um estudo indicativo para orientar os critérios de despacho térmico fora da ordem de mérito para o ano de 2022. O horizonte de estudo é de dezembro de 2021 a novembro de 2022, ou seja, o início do próximo período úmido.

O ONS apresentou três curvas (A, B e C), todas com a mesma meta de armazenamento final para o SIN (21,3%) e para o Sudeste (20%). Cada curva segue um critério de CVU, sendo a Curva A para armazenamentos mais otimistas, até um CVU de 331,05 R$/MWh, com geração térmica média no período de 12.211 MWmed. Já a Curva B, indica um CVU mais alto, de 740,32 R$/MWh, e geração térmica média de 16.635 MWmed. A Curva C, que representa o pior cenário, indica a utilização de todo o parque térmico disponível, equivalente a uma geração térmica média de 19.199 MWmed.

Assim, caso os armazenamentos estejam abaixo da Curva C (pior cenário), mesmo sendo o período úmido, indica-se o despacho de todas as usinas térmicas existentes, seja na ordem de mérito ou não. Essas curvas, entretanto, são de caráter referencial e indicativo e não representam critérios consolidados para o despacho por garantia energética, que seguirão sendo estabelecidos pelo CMSE em suas reuniões periódicas.