Aspecto Meteorológico
Durante a primeira quinzena do mês de julho, ocorreram bloqueios atmosféricos que impediram o avanço de frentes frias e consequentes precipitações. Assim, as temperaturas mínimas e máximas registradas se mantiveram entre a média e acima da média, favorecendo a geração eólica e fotovoltaica e levando a recordes de geração. A partir da segunda quinzena, com a desconfiguração desses bloqueios, ocorreram mais chuvas na região Sul, contudo, abaixo da média.
Durante o trimestre agosto/setembro/outubro ocorre o fim do período frio e seco e inicia-se uma fase de transição, com grande variabilidade meteorológica. Pode haver temperaturas mais frias na região centro-sul e registros mais quentes em setembro e outubro no SE, CO e NE. Espera-se que a chuva siga concentrada na região Sul, contudo, que haja uma distribuição irregular em direção ao eixo Norte-Sudeste.
O La Niña segue caracterizado, com fraca intensidade, e deve continuar pelos próximos meses, podendo continuar fraco ou moderado (60% de probabilidade). A previsão para a próxima semana operativa contempla pouca chuva na região Sul, exceto sobre as bacias do Jacuí, Uruguai e Iguaçu. A segunda semana operativa de agosto conta com aumento das precipitações na região Centro-Sul (levemente acima da média). Algumas características típicas de La Niña podem ocorrer, como chuvas acima da média no extremo Norte e abaixo da média na região Sul. Nessa época do ano, esperam-se temperaturas acima da média para a região central do país, que apresenta baixa previsibilidade e alta divergência entre os modelos de previsão.
Condições Hidrometeorológicas
A média do SIN para o mês de julho foi a 9ª pior do histórico, correspondendo a 70% da MLT. As ENAs do SE/CO e Sul diminuíram em relação ao PMO anterior, passando de 74% (11º pior) para 65% (2º pior) e de 235% (7º melhor) para 76% (44º pior), respectivamente. As ENAs do Norte e NE aumentaram em relação a julho, passando de 82% (30º pior) para 85% (23º pior) e de 64% (13º) para 70% (19º pior).
A expectativa de poucas chuvas leva a uma previsão de recessão ou manutenção da recessão nas principais bacias do SIN (Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapanema e Paraná).
Contudo, a região Sul deverá receber mais chuvas, podendo levar a elevações das vazões nas bacias do Iguaçu, Uruguai e Jacuí. As bacias do Norte e Nordeste (Madeira, Xingu, São Francisco e Tocantins) não receberão chuvas e seguirão em recessão hidrológica.
As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 67% para o Sudeste, 80% para o Sul, 67% para o Nordeste e 89% para o Norte, conforme apresentado na Tabela 1:
Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)
Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram, respectivamente, 61,5%, 77,6%, 83,5% e 89,2% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 67,98%.
Política Operativa
Como destaques das medidas operativas, a geração no subsistema SE/CO objetiva a preservação dos armazenamentos, especialmente com o controle de defluências na parte baixa do rio Paraná e das cotas em Itaipu. Mesmo assim, é comum que no período seco seja necessário utilizar a água armazenada nas cabeceiras do Grande e do Paranaíba para o atendimento à carga. A geração no subsistema Norte focará na exploração das disponibilidades e fechamento de ponta, enquanto a geração no Sul se dará em função das condições de atendimento à carga, priorizando a ponta do sistema. Por fim, no subsistema Nordeste, as disponibilidades energéticas continuarão a ser exploradas, maximizando a exportação para o SE/CO e respeitando as restrições hidráulicas e limites elétricos vigentes. O CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de agosto.
Restrições Operativas de Destaque
A usina de Três Marias possui restrições de defluência mínima de 450 m³/s até o final de setembro. A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s, enquanto Xingó mantém as restrições de vazão mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s até final de setembro. Serra da Mesa, no rio Tocantins, também conta com restrições de vazões mínima (até final de setembro) e máxima (até dia 20 de agosto) de 300 m³/s. A UHE Peixe Angical apresenta limites máximo (650 m³/s) e mínimo (450 m³/s) até 20 de agosto, por conta da temporada de praias no rio Tocantins. Porto Primavera e Jupiá, no rio Paraná, possuem restrição de vazão mínima de 3.600 m³/s e 3.000 m³/s, respectivamente, até final de agosto. Essas vazões aumentam para 3.900 e 3.300 durante os meses de setembro e outubro. É importante ressaltar que está sendo utilizada a Curva de Deplecionamento da UHE Tucuruí referente ao ano de 2022, apresentada no PMO passado. Seu armazenamento corresponde a restrições estruturais para a modelagem do SIN. Além disso, Tucuruí apresenta também restrições elétricas de geração mínima, assim como Itaipu. Ao final do mês de agosto, há previsão de entrada em operação de duas unidades geradoras da UHE São Roque.
Neste PMO, foram apresentadas atualizações nos pontos de fronteira entre os subsistemas Norte e SE/CO no estado de Tocantins, além da representação da UHE Fontes nos modelos computacionais. Houve, também, uma atualização na metodologia de propagação de vazões defluentes da UHE Baixo Iguaçu. O ONS começará, a partir deste PMO, a usar o MPV (apresentado no PMO de junho) para a propagação das vazões incrementais em postos fluviométricos e reservatórios das bacias do Tocantins, Jequitinhonha e Madeira.
Despacho Térmico
Desde o final de 2021, a geração térmica total no SIN vem caindo, passando de 21,5 GWmed em outubro de 2021 para 2 GWmed em julho de 2022. A geração fora da ordem de mérito também caiu consideravelmente, sendo quase 9 GWmed em outubro e chegando a zero em maio, mantendo-se nula até o mês atual. Não tem sido importada energia da Argentina e Uruguai desde março e, desde maio, o Brasil vem exportando geração térmica para outros países. Para o mês de agosto, destaca-se uma disponibilidade média térmica prevista de cerca de 17 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW. Não houve despacho das usinas térmicas a GNL para as próximas semanas operativas de agosto. Contudo, entre 13/08 e 25/11, a UTE Santa Cruz Nova precisará gerar fora do controle do ONS (inflexibilidade) por conta do comissionamento a quente do ciclo combinando.
Projeções de Carga
Para agosto de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: 0,5% para o subsistema SE/CO, 0% para o Sul, -1,1% (decréscimo) para o Nordeste e 5,2% para o Norte. Para os meses de agosto e setembro, a carga do SIN projetada ficou em 68.040 e 69.914 MWmed, um crescimento de 0,6% e de -1,1% (decrescimento) em relação aos mesmos meses de 2021.