Aspecto Meteorológico

Durante o mês de junho, ocorreram diversas frentes frias na região Sul que, associadas a um sistema de baixa pressão, causaram precipitações nas bacias da região (Jacuí, Uruguai, Iguaçu e Incremental Itaipu). Assim, as chuvas ocorridas foram acima da média. As massas de ar frio se estenderam por parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste até Rondônia. Dessa forma, temperaturas máximas variaram entre a média e abaixo da média nas capitais da região Sul, em São Paulo, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco. Houve considerável precipitação no litoral da região Nordeste. Mesmo assim, geração solar e eólica nessa região foram favorecidas.

Para as próximas semanas operativas, espera-se o avanço de mais uma frente fria no Sul, nos primeiros dias, provocando chuvas que diminuirão ao longo dos outros dias. O litoral do Nordeste e extremo norte do país receberão chuvas acima da média e as temperaturas irão variar entre a média (Sul e litoral do Sudeste) e acima da média para o resto do país.

O trimestre julho/agosto/setembro costuma ser mais seco. Em setembro, inicia-se a transição para o período úmido, visto que ocorrem mais frentes frias pelo Sudeste, ocasionando mais chuvas. Julho é o mês mais frio do ano para as regiões Sul, Sudeste e estado do Mato Grosso do Sul. Nas demais áreas do país, ocorre elevação de temperatura.  Espera-se que a geração eólica aumente com a intensificação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS).

O La Niña segue caracterizado, com o resfriamento das águas do oceano Pacífico, e deve continuar pelos próximos meses, podendo diminuir de intensidade durante o inverno e aumentar durante a primavera.

Condições Hidrometeorológicas

A média do SIN para o mês de junho foi a 40ª pior do histórico, correspondendo a 95% da MLT.  Nordeste e Sudeste apresentaram aumento de ENAs: NE passando de 52% da MLT em maio para 66% em junho (14º pior do histórico) e SE passando de 65% em maio (4º pior), para 74% (11° pior). A região Norte apresentou a 27ª pior ENA (81%), enquanto a região Sul apresentou a 8ª melhor (192%).

Espera-se um aumento das afluências no subsistema Sul (Uruguai e Jacuí) nos primeiros dias da próxima semana operativa, graças às expectativas de chuva na região. Contudo, deve haver um período de recessão, após os eventos de precipitação. Outras bacias (Paraná, São Francisco, Tocantins, Madeira e Xingu) não devem receber chuvas significativas e já apresentam um comportamento de recessão nas vazões.

As previsões de ENA mensais indicam as seguintes porcentagens de MLT: 72% para o Sudeste, 105% para o Sul, 72% para o Nordeste e 96% para o Norte, conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1: ENERGIAS NATURAIS AFLUENTES PREVISTAS POR SUBSISTEMA (MWmed)

Sobre as condições dos armazenamentos para o início da semana operativa, os subsistemas Sudeste, Sul, Nordeste e Norte apresentaram, respectivamente, 66%, 95,2%, 91,9% e 98,4% de armazenamento. Dessa forma, o armazenamento do SIN ficou em 74,3%.

Política Operativa

Como destaques das medidas operativas, a geração no subsistema SE/CO tem como objetivo a preservação dos armazenamentos, especialmente com o controle de defluências na parte baixa do rio Paraná e das cotas em Itaipu. No subsistema Norte e Nordeste, exploram-se as disponibilidades energéticas, respeitando as restrições hidráulicas e limites elétricos vigentes no NE para maximizar a exportação para o SE/CO.  No Sul, a geração ocorre de forma maximizada, de acordo com os condicionantes hidráulicos, evitando e minimizando os vertimentos. O CMSE continuará acompanhando as condições do SIN ao longo de julho.

Restrições Operativas de Destaque

A usina de Três Marias possui restrições de defluência mínima e máxima de 450 m³/s durante o mês de julho. A partir de agosto, conta somente com restrição de vazão mínima (450 m³/s em agosto e 150 m³/s em setembro). A usina de Sobradinho segue com defluência mínima de 800 m³/s, enquanto Xingó mantém as restrições de vazão mínima de 1.100 m³/s e máxima de 8.000 m³/s até final de agosto.

Serra da Mesa, no rio Tocantins, também conta com restrições de vazões mínima (até final de agosto) e máxima (até dia 20 de agosto) de 300 m³/s. A UHE Peixe Angical também apresenta limites máximo (650 m³/s) e mínimo (450 m³/s) até 20 de agosto, por conta da temporada de praias no rio Tocantins.

Porto Primavera e Jupiá, no rio Paraná, possuem restrição de vazão mínima de 3.600 m³/s e 3.000 m³/s, respectivamente, até final de julho. Essas vazões aumentam para 3.900 e 3.300 durante os meses de agosto a outubro.

Foi apresentada a Curva de Deplecionamento de Tucuruí referente ao ano de 2022, visto que seu armazenamento corresponde a restrições estruturais para a modelagem do SIN. Além disso, Tucuruí apresenta também restrições elétricas de geração mínima, assim como Itaipu.

Outro destaque relevante é a interligação de Boa Vista ao Sistema Interligado Nacional em outubro de 2024, com inclusão de uma oferta de 328 MW ao SIN e adição de carga ao subsistema Norte. A integração exige uma reavaliação da necessidade de geração térmica em Manaus, assim como a inclusão da necessidade de geração térmica em Boa Vista.

Despacho Térmico

Desde o final de 2021, a geração térmica total no SIN vem caindo, passando de 21,5 GWmed em outubro de 2021 para 4,7 GWmed em junho de 2022. A geração fora da ordem de mérito também caiu consideravelmente, sendo quase 9 GWmed em outubro e chegando a zero em maio e junho, especialmente por conta dos níveis de armazenamento. Não tem sido importada energia da Argentina e Uruguai desde março. Para o mês de julho, destaca-se uma disponibilidade térmica prevista de cerca de 16,5 GW, de uma capacidade instalada de 23 GW. A partir de agosto, três usinas do Procedimento Competitivo Simplificado (PCS) entrarão em operação, elevando a disponibilidade térmica do SIN. Não houve despacho das usinas térmicas a GNL para as próximas semanas operativas de julho. Durante as três primeiras semanas de agosto, a UTE Santa Cruz Nova precisará gerar fora do controle do ONS (inflexibilidade) por conta do comissionamento a quente do ciclo combinando.

Projeções de carga

Para julho de 2022, são previstas as seguintes taxas de crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior: 2,4% para o subsistema SE/CO, 1,2% para o Sul, -1,2% (decréscimo) para o Nordeste e 4% para o Norte. Para os meses de julho e agosto, a carga do SIN projetada ficou em 66.561 e 68.151 MWmed, um crescimento de 1,7% e 0,7% em relação aos mesmos meses de 2021.